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Jovens Cooperativistas



JOVENS DESENVOLVEM INOVAÇÕES PARA A PECUÁRIA LEITEIRA DURANTE O VACATHON


Identificar uma dor, propor uma solução, validar e prototipar. Em termos bem simples, esse é o processo para desenvolver um negócio inovador. Mas para chegar lá, são muitas e muitas horas de trabalho e dedicação, envolvendo pesquisa, mentoria, conversas com especialistas e validação com o potencial usuário da nova tecnologia. Além disso, faz parte do pacote, preparar uma bela apresentação, que demonstre porque sua ideia é tão brilhante, que merece apoio para o seu desenvolvimento, seja na forma de investimento ou de aceleração.

Para Fernando, um dos principais diferenciais dessa maratona é mostrar para os jovens, especialmente aqueles que são parentes de produtores rurais, o potencial e as possibilidades que existem para quem tem a oportunidade de viver do campo: “Existem novas maneiras de se ter um negócio lucrativo no meio agropecuário, especialmente, no segmento leiteiro. Essa iniciativa é uma forma de levar inovação para o campo e de mostrar que, quando falamos de inovação tecnológica, o termo tecnologia não está associado somente a hardware e software, mas também a conhecimento aplicado de forma objetiva. E isso impacta diretamente na sucessão familiar”, explica o professor. 

E trabalhar a sucessão familiar junto aos seus cooperados é exatamente um dos desafios da Coopatos, como conta o Supervisor do Departamento de Relações com o Cooperado, André Parrillo: “A Coopatos tem o desafio de aproximar os jovens do cooperativismo e de promover a sucessão na pecuária leiteira. Estamos cada vez mais antenados nessas grandes mudanças tecnológicas, porque essa é a linguagem dos jovens. E para nos ajudar a atrair esses jovens superconectados, ninguém melhor do que o Unipam. A parceria surgiu daí: da nossa necessidade e da experiência do Unipam em organizar maratonas de modelagem de negócios. Foi uma união perfeita”, comemora o supervisor.

Essa foi a experiência que a Coopatos, em parceria com o Unipam, proporcionou a 50 jovens, entre eles filhos, netos e sobrinhos de cooperados, durante a Semana Coopatos 2019. Por três dias, esses jovens participaram de uma maratona para modelagem de negócios - o Vacathon - o primeiro realizado na região especificamente para buscar soluções para problemas reais da pecuária de leite.

Quem explica melhor o conceito de “maratona de modelagem de negócio” é o Coordenador de Inovação do Unipam, Fernando Dias: “Falamos maratona, porque são três dias de trabalho intenso. E, em modelagem de negócios, porque todas as ideias aqui desenvolvidas precisam apresentar desejabilidade, ou seja, tem que ser algo que resolva uma dor real, nesse caso, do mercado leiteiro; elas têm que ter praticabilidade, isto é, precisam ser exequíveis, quer seja em termos de hardware ou de software; e elas precisam apresentar sustentabilidade, precisam ser viáveis financeiramente”.

 

Da dor para a glória

E como tudo parte de uma dor (que na linguagem do desenvolvimento de negócios nada mais é que um problema, uma dificuldade ou um desafio), ninguém melhor do que um especialista no assunto, para abordar todas as dores do agronegócio e, especificamente, da pecuária leiteira. O Analista Técnico de Agronegócio do Sebrae MG, Breno Assis, veio de Belo Horizonte especialmente para falar para a turma do Vacathon: “A pecuária leiteira é um mercado muito promissor, mas muito desafiador também. O objetivo principal da minha fala, ao traçar esse cenário e as dores do agronegócio, foi dar início à fagulha das primeiras ideias desses jovens tão brilhantes que estão aqui”.

Em seu trabalho, Breno tem a oportunidade de viajar para várias regiões do Brasil e conhecer iniciativas semelhantes em prol do desenvolvimento de inovações que favoreçam a atividade agropecuária e a sucessão nas fazendas: “Estou encantado de ver a estrutura que está sendo fornecida, o engajamento desses meninos… está disputando em pé de igualdade com outras iniciativas que existem por aí no país. A sucessão familiar é uma das grandes dores da atividade leiteira, e essa é uma maneira muito bacana de gerar o pertencimento, de manter essa turma jovem, que é o futuro da pecuária leiteira, mais inteirada sobre a atividade”.

Modelando as inovações

Uma vez identificada a dor a ser tratada, os jovens precisam bolar ideias, que possam ser a solução para os problemas identificados. Essa etapa é denominada “Ideação” e usa como base ferramentas do Design Thinking, que orientam esse processo. Aqui, a reunião de mentes de diferentes áreas e formações é chave para a criação de ideias incríveis e, por isso, o processo acontece com a formação de equipes multidisciplinares.

O próximo passo é colocar a ideia no papel, já que ela precisa ser viável, tanto tecnicamente, como economicamente. Além de muita pesquisa, de campo e de dados secundários, é nesta hora que entram em ação os mentores, que são profissionais que orientam os jovens no desenvolvimento e modelagem de suas soluções, seguindo metodologias específicas, como o Business Canvas, por exemplo.

O professor de Finanças Corporativas do Unipam, Heitor Cunha Bastos, que participou do Vacathon, explica um pouco o papel dos mentores: “O mentor direciona as equipes ao longo de todos processos de desenvolvimento de um novo negócio. Ele atua como um facilitador. Na minha área, de Finanças, meu papel é ajudá-los a verificar se a ideia proposta é rentável, usando análises de lucratividade, por exemplo. Porque pode acontecer de o grupo encontrar uma dor, entregar uma solução possível, mas ela não ser rentável economicamente”.

Uma parte importante do processo de desenvolvimento de um novo negócio é a validação. Nessa etapa, a aplicabilidade das soluções propostas é testada junto ao usuário final. É uma fase crucial, porque os feedbacks recebidos permitem ajustes e melhorias na tecnologia ou mesmo a mudança radical do projeto. Um fator que muito contribuiu para essa fase crítica, foi a facilidade na validação das soluções, uma vez que os jovens tinham fácil acesso aos produtores que participavam da Semana Coopatos. E não apenas a eles, mas também a vários atores que atuam na cadeia produtiva do leite e que marcaram presença na Semana.

Solução validada é hora de prototipar. A palavra pode parecer difícil, mas o conceito é simples e bem pragmático: o objetivo do protótipo é dar forma física à ideia. É um esboço do que a solução inovadora pode ser e de como o usuário vai poder interagir com ela. É prático, porque é mais fácil e barato alterar um esboço do que um produto ou tecnologia já completamente desenvolvidos. E, também, porque é mais fácil, para alguém que tenha interesse em investir ou apoiar o seu desenvolvimento, tomar uma decisão - o que nos leva à parte final de toda essa intensa maratona: a Batalha de Pitches.

 

Batalha de Pitches
 
O pitch é uma apresentação, resumida, fundamentada e atrativa, que tem como objetivo “vender” a solução que foi desenvolvida. E a batalha acontece para reconhecer e premiar as melhores soluções e como um estímulo ao esforço das equipes.
Um representante de cada um dos nove grupos teve cinco minutos para defender sua ideia. A avaliação ficou por conta de um júri formado por representantes das principais empresas ligadas ao agronegócio, como Nutron, Riber Sementes, Vaccinar, dentre outras. O representante da KWS Sementes, Daniel Caixeta, ficou impressionado com as soluções apresentadas pelos jovens: “Achei as apresentações fantásticas. Levei muito em consideração a aplicabilidade das soluções que foram mostradas e, também, o benefício que podem trazer para o produtor, que é o grande desafio. Fico feliz por ver tanta gente nova pensando em trazer soluções para o campo. Se a cadeia do agronegócio ganha, com certeza muitas outras cadeias ganham como consequência”. Na visão do representante da Riber Sementes, Ricardo Carvalho, muitas dessas soluções têm potencial para chegar rapidamente ao mercado: “Foram apresentadas aqui algumas inovações bem práticas e úteis. Acredito que algumas delas podem até sair para o mercado em pouco tempo. Com essa ação, a Coopatos vem cumprir seu papel social de uma forma moderna e atual, trazendo o que há de mais novo para suas ações: novas ferramentas, multidisciplinaridade e, especialmente, integração”.

Para a Coopatos, o sucesso do Vacathon não fica por aqui. Segundo André Parrillo, a procura pelas inscrições do evento foi tamanha, que a cooperativa já estuda a realização de uma segunda edição. Além disso, a Coopatos está de olho no que está sendo desenvolvido por essas mentes criativas e brilhantes: “É nossa intenção apoiar o desenvolvimento das boas ideias, se não for por meio de recursos próprios, encaminhando para empresas parceiras que consigam apadrinhar os projetos ou mesmo para investidores. Vamos dar o suporte para que os bons projetos possam ir além…”, afirmou o gestor.

A depender da Coopatos, do Unipam e dessa garotada cheia de energia e ideias, a pecuária de leite pode aguardar por grandes inovações.



“Fiquei sabendo do Vacathon por meio de um professor e quis conferir, já que pretendo seguir os passos do meu pai. Eu achei a experiência totalmente diferente, muito desafiadora. Na Veterinária, não lidamos com tantas tecnologias. Mas aqui, percebi que tenho capacidade de desenvolver ideias, que eu não sabia que tinha. Meu conhecimento do dia a dia da lida na fazenda ajudou o grupo a identificar uma das principais dores da pecuária de leite, que é a mastite. Estamos desenvolvendo uma solução para lidar com essa doença.” 
Marcos Vinicius Santos Fonseca
Filho de cooperado e estudante de Medicina Veterinária

 

“Tenho 100% de intenção de suceder meu pai na propriedade. O Vacathon abre a nossa mente para buscar ideias e soluções para os problemas que existem no dia a dia das fazendas que produzem leite. O conhecimento que aprendi aqui eu com certeza vou levar para a minha fazenda.” 
Danilo Silva Theodoro
Filho de cooperado e formado em Medicina Veterinária pelo Unipam


Nunca tinha participado de um evento de startups, achei a ideia maravilhosa! Se você pensar em um problema como um desafio e, isso foi ensinado pra gente nesses três dias, você consegue ver uma oportunidade para resolvê-lo. Trabalho em equipe, objetividade, ter embasamento em estudos de mercado, saber calcular custo da produção de um produto, todos esses aprendizados vou levar comigo. Foram três dias intensos, noites sem dormir, é uma satisfação enorme ter conquistado o segundo lugar.”
Yasmine  - Estudante de Medicina Veterinária
Empreendedora - Cioflash

 
“Essa experiência foi única. Conseguimos identificar uma dor do mercado e fomos atrás de produtores para validar a nossa ideia. A reunião de todos os atores envolvidos na pecuária de leite, facilitou muito para que conseguíssemos desenvolver uma solução, num curto espaço de tempo. Tivemos acesso a produtores, mentores, professores, todos ajudando, a gente atrás, viramos a noite prototipando e, assim, conseguimos ganhar o primeiro lugar. Foi uma experiência sensacional.”
Douglas Henrique - Estudante de Engenharia Mecânica
Empreendedor - Inova Soluções Agrícolas 

 


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