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Prevenção Com Raiva Bovina

Doença de difícil controle, em razão do agente transmissor, a raiva bovina traz muitos prejuízos à atividade agropecuária e representa um perigo à saúde da população.  


A raiva bovina é uma das principais doenças que afetam os rebanhos leiteiros. Além de provocar sérios prejuízos, representa um grave risco à saúde das pessoas por ser uma zoonose, isto é, uma doença que pode ser transmitida pelos animais aos humanos.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, na América Latina, pelo menos meio milhão de bovinos, equinos, caprinos e ovinos morram em consequência da raiva por ano (dados de 2020). É bem possível que esses números sejam ainda maiores, já que a subnotificação de casos é uma prática comum. 

"Além de não ter cura, a raiva bovina causa grandes prejuízos, pois ocasiona a morte de animais, necessita de diagnósticos laboratoriais e pessoal treinado para controle dos transmissores", informa o chefe do escritório do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) em Patos de Minas, Herbete Nogueira.  

Em janeiro deste ano, um caso de raiva equina na comunidade de Canavial acendeu o alerta entre os produtores de Patos de Minas, reforçando a importância da prevenção: a vacinação contra a raiva é a única forma de manter a doença longe do rebanho. 

O caso foi considerado um foco da doença, uma vez que não foram identificados outros animais com sintomas. "Como o animal tinha sido adquirido recentemente, foi necessário investigar a sua propriedade de origem. Também lá não encontramos animais com sintomas, mas identificamos um novo abrigo de morcegos na região, que ainda não sabemos se se trata de uma colônia de morcegos hematófagos ou não", explica a médica veterinária do IMA, Thayrine Sousa.

Para a médica veterinária, o caso reforça a necessidade de manter a vacinação antirrábica do rebanho em dia: "Embora tenha sido um caso isolado, a confirmação da doença comprova que a raiva está circulando no município. Por isso, a vacinação é altamente recomendável".


Raiva bovina: sintomas e transmissão  

A raiva bovina é uma doença infecciosa, de alta letalidade, causada por um vírus da família Rabdovírus. Caracteriza-se por lesões no sistema nervoso central. 

Os primeiros sinais são a perda de apetite e o isolamento do animal. No entanto, a doença evolui rapidamente após o aparecimento dos sintomas neurológicos. Os mais comuns são paralisia, tremores musculares, salivação intensa, problemas de coordenação e asfixia. 

"Os casos mais frequentes são de raiva paralítica. O animal tem a coordenação motora comprometida, faz movimentos de pedalagem com os membros e de jogar a cabeça para trás, até chegar ao ponto de se deitar no chão e não conseguir mais se levantar. A forma raivosa, quando o animal fica agressivo, é mais raro de acontecer em herbívoros, sendo mais comum em cães", explica Thayrine. 

O problema é que não há tratamento para raiva. Uma vez acometido pela doença, não há mais nada a fazer pelo animal do que esperar o seu óbito. A confirmação somente é possível a partir da coleta de material biológico, que deve ser feita pelo médico veterinário que atende a fazenda ou solicitada ao IMA. De acordo com a Instrução Normativa n° 50/2013, a raiva pertence ao grupo 2 de doenças e, portanto, é obrigatória a notificação de qualquer caso suspeito.  

Além de não possuir tratamento, o controle da doença exige dos órgãos de defesa sanitária um esforço de vigilância constante. Isso porque o hospedeiro e transmissor do vírus causador da raiva bovina são os morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus

O morcego consegue percorrer grandes distâncias e seus abrigos são locais de difícil acesso. Além disso, a transmissão do vírus dentro da colônia é intensa em razão do comportamento desses animais, que têm o hábito de lamberem um ao outro e de brigarem entre si. Só no município de Patos, o IMA tem cadastrado 39 abrigos, que são permanentemente monitorados para garantir que não hospedem populações de morcegos hematófagos. 

 

Elevado risco para a saúde humana

A raiva bovina é uma zoonose extremamente perigosa. E assim como acontece com os bovinos, é letal quando acomete os humanos. Até hoje, em todo o mundo, a Medicina registrou apenas dois casos em que não houve óbito dos pacientes que, no entanto, sobreviveram com gravíssimas sequelas neurológicas. 

A doença é altamente contagiosa e facilmente transmissível aos humanos. O vírus está presente nas secreções dos animais (sobretudo, na saliva) e em contato com as mucosas dos olhos, nariz e boca de uma pessoa, pode contaminá-la. 

Por isso, a médica veterinária aconselha a nunca manipular animais que apresentam sintomas neurológicos. "Muitas vezes, o produtor pensa que o animal está engasgando e, na tentativa de ajudá-lo, coloca a mão dentro da boca do animal. Isso representa um risco muito grande para a saúde. Sempre que houver na fazenda um animal deitado no chão, com sintomas neurológicos, deve-se isolá-lo e procurar o IMA ou o médico veterinário de confiança para que possa avaliar o quadro", alerta Thayrine.

É preciso que diante de casos suspeitos de raiva, o produtor veja o Instituto como um aliado. "Quando há notificação de suspeita de raiva, não vamos até a propriedade com o intuito de penalizar o produtor. Mas, sim, de atuar na defesa sanitária. Nosso foco é proteger o rebanho, o produtor e todos os profissionais envolvidos, e evitar a disseminação da doença na região", ressalta a médica veterinária. 


Controle e prevenção da raiva: o que o produtor pode fazer

A vacinação anual contra a raiva é a principal medida que o produtor pode adotar para proteger o seu rebanho. No entanto, outras ações de combate ao morcego estão ao alcance do produtor, que pode ajudar na identificação de abrigos e contribuir para o controle das populações com a aplicação da pasta vampiricida. 


Vacinação do rebanho

A vacinação antirrábica deve ser feita anualmente e em todos os animais do rebanho com mais de 3 meses de idade. No caso de animais primovacinados (vacinados pela primeira vez), deve ser dada uma dose de reforço após 30 dias. Animais adquiridos cujo histórico vacinal é desconhecido devem ser considerados primovacinados. 

Além da vacinação preventiva, sempre que identificado animal com mordedura de morcego, deve-se fazer a vacinação de todo o rebanho, mesmo que a imunização tenha sido recente.  


Identificação de abrigos

"Sempre que identificar um abrigo na sua propriedade ou arredores, o produtor pode entrar em contato com o IMA, que faremos a verificação no local para confirmar se se trata de uma colônia de morcegos hematófagos. Em caso positivo, o próprio órgão faz o controle da população", conta Herbete.

Esses animais gostam de locais escuros, quentes e úmidos. Cavernas, túneis, casas abandonadas, bueiros e manilhas podem funcionar como abrigos para colônias de morcegos. Uma característica dos abrigos dessa espécie é a presença de fezes enegrecidas e um odor muito forte. Além disso, o morcego hematófago não fica pendurado de cabeça para baixo. 

Contudo, o produtor jamais deve tentar capturar um morcego, alerta Herbete: "Isso deve ser feito apenas pelo IMA ou por equipes especializadas no controle de zoonoses. Além de exigir um treinamento especializado, o contato com esses animais requer que a sorologia da raiva seja feita anualmente"


Aplicação da pasta vampiricida

Quando identificar um animal com mordedura recente, o produtor deve aplicar a pasta vampiricida ao redor da mordida feita pelo morcego. "A pasta não deve ser aplicada sobre o ferimento, mas sim ao seu redor, a uma distância de 3 centímetros da mordedura. O produtor não deve ter contato direto com o produto, devendo usar luva ou uma espátula para sua aplicação", ensina o chefe do escritório de Patos de Minas.

Essa medida ajuda no controle do morcego porque ele tem o hábito de retornar ao mesmo animal que atacou para se alimentar. Quando sugar novamente o sangue, terá contato com a pasta, se sujando com ela e levando-a para dentro da colônia. "Como um morcego chega a lamber até 20 indivíduos, o veneno se espalhará para outros membros da colônia, contribuindo para o controle desses animais", detalha. 

A pasta vampiricida é facilmente encontrada nas lojas agropecuárias e o produtor deve sempre ter na fazenda.


Produtor, fique ligado! 

Para contatar o IMA, acesse: www.ima.mg.gov.br


Ou ligue para: 


  • Escritório Seccional do IMA em Patos de MInas: (34) 3822-3321

Atende a produtores de Patos de Minas


  • Coordenadoria Regional do IMA: (34) 3814-3707 

Atende produtores das regiões de abrangência da Regional Patos de Minas 




PROTEGENDO O REBANHO CONTRA A RAIVA BOVINA

O que fazer

O que NÃO fazer

  • Vacinar anualmente todo o rebanho

  • Notificar casos suspeitos 

  • Aplicar a pasta vampiricida em mordeduras recentes

  • Informar ao IMA sobre abrigos de morcegos na propriedade


  • Tentar capturar morcegos

  • Manipular animais com sintomas neurológicos

  • Ocultar dos órgãos de defesa sanitária casos suspeitos



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